terça-feira, 19 de janeiro de 2016

AS DOUTRINAS DA GRAÇA

(Baseado no livro “Uma jornada na Graça” – Richard P. Belcher, e estudo correlato)


Devido à grande influência de João Calvino na Europa do séc. XVI, as doutrinas do reformador de Genebra – como Calvino era conhecido – foram chamadas de calvinistas, somadas aos outros sistemas teológicos bíblicos reafirmados por Martinho Lutero, Ulrico Zwínglio, John Knox, entre outros, formam o que é conhecido entre nós: “a visão reformada”.

O calvinismo foi apresentado pelo Sínodo de Dort em 1619 como sendo a doutrina da salvação contida nas Escrituras Sagradas. É o sistema apresentado na Confissão de Fé de Westminster e em todas as confissões reformadas. Na época do Sínodo de Dort foi formulado em cinco pontos (em resposta aos cinco pontos submetidos pelos arminianos) e têm sido, desde então, conhecido como os cinco pontos do calvinismo, os quais estão intimamente ligados e interdependes.

Há um acróstico que sintetiza os cinco pontos do calvinismo (T-U-L-I-P). Passemos a analisar cada um deles, fundamentados biblicamente:

Total Depravação: o homem, na queda, tornou-se completamente incapaz em si mesmo, quer para desejar a Deus, quer para servi-Lo, quer para conhecê-Lo, quer para buscá-Lo, a menos que Deus o capacite. A Bíblia ensina que o homem é absolutamente incapaz no que diz respeito às coisas espirituais, e que o homem não deseja nem busca a Deus, a menos que Deus o busque e o capacite. Base bíblica: Rom. 3.10-12“como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” Ef. 2.1-3“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”

Uma Eleição Incondicional: Deus escolheu um povo (os eleitos) antes da fundação do mundo para ser exclusivamente Seu. Essa escolha ocorreu não devido a qualquer condição ou qualquer estado do homem, conhecido ou previsto por Deus, e sim baseada tão-somente na soberana vontade de Deus, realçando ainda mais Sua justiça. Base bíblica: Ef. 1.4-7“assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça”  Ef. 2.8 e 9“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.”

Limitada Expiação: a morte de Cristo Jesus tem o propósito de garantir a salvação dos eleitos. Portanto, a expiação limitada diz que, embora a morte de Cristo, em seu poder, seja suficiente para todos os homens, ela é, em seu propósito, eficaz apenas para os eleitos. Base bíblica: João 5.21“Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer.”  Tito 2.14“o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.”

Irresistível Graça: o Soberano Deus chama, de maneira irresistível, para Si mesmo, todos os eleitos, através da pregação do Evangelho de Cristo Jesus. E, por meio deste chamado, o decreto da eleição se cumpre, e o propósito particular da expiação pela morte de Cristo se realiza. Base bíblica: João 6.37 “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.”  Atos 13.48“Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.”

Perseverança dos Santos: os eleitos continuarão no caminho da salvação (por serem eles o objeto do eterno decreto da eleição e por serem eles o objeto da expiação realizada por Cristo), visto que o mesmo poder de Deus que os salvou os preservará e os santificará até o final. Base bíblica: Mat. 24.13 “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.” Fil. 1.5 “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus.”

Concluímos, então, que a essência das Doutrinas da Graça é a soberania de Deus (enfoque teológico) e a depravação total do homem (enfoque antropológico), fundamentada na doutrina bíblica do soberano, eterno, imutável, incondicional e eficaz propósito do nosso Deus Todo-Poderoso.

Rodrigo Cesar Nogueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário