(Baseado no livro “Uma jornada na Graça” – Richard P. Belcher, e estudo correlato)
Devido
à grande influência de João Calvino na Europa do séc. XVI, as doutrinas do
reformador de Genebra – como Calvino era conhecido – foram chamadas de calvinistas,
somadas aos outros sistemas teológicos bíblicos reafirmados por Martinho
Lutero, Ulrico Zwínglio, John Knox, entre outros, formam o que é conhecido
entre nós: “a visão reformada”.
O calvinismo foi
apresentado pelo Sínodo de Dort em 1619 como sendo a doutrina da salvação
contida nas Escrituras Sagradas. É o sistema apresentado na Confissão de Fé de
Westminster e em todas as confissões reformadas. Na época do Sínodo de Dort foi
formulado em cinco pontos (em resposta aos cinco pontos submetidos pelos
arminianos) e têm sido, desde então, conhecido como os cinco pontos do calvinismo,
os quais estão intimamente ligados e interdependes.
Há um acróstico que
sintetiza os cinco pontos do calvinismo (T-U-L-I-P). Passemos a analisar cada
um deles, fundamentados biblicamente:
Total
Depravação: o homem, na queda, tornou-se completamente incapaz em si
mesmo, quer para desejar a Deus, quer para servi-Lo, quer para conhecê-Lo, quer
para buscá-Lo, a menos que Deus o capacite. A Bíblia ensina que o homem é
absolutamente incapaz no que diz respeito às coisas espirituais, e que o homem
não deseja nem busca a Deus, a menos que Deus o busque e o capacite. Base
bíblica: Rom. 3.10-12 – “como está escrito: Não há justo, nem um
sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à
uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” Ef. 2.1-3 – “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos
quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da
potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre
os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza,
filhos da ira, como também os demais.”
Uma
Eleição Incondicional: Deus escolheu um povo (os eleitos) antes da fundação do
mundo para ser exclusivamente Seu. Essa escolha ocorreu não devido a qualquer
condição ou qualquer estado do homem, conhecido ou previsto por Deus, e sim
baseada tão-somente na soberana vontade de Deus, realçando ainda mais Sua
justiça. Base bíblica: Ef. 1.4-7 – “assim como nos escolheu, nele, antes da
fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo,
segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que
ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu
sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” Ef.
2.8 e 9 – “Porque pela graça sois
salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para
que ninguém se glorie.”
Limitada
Expiação: a morte de Cristo Jesus tem o propósito de garantir a
salvação dos eleitos. Portanto, a expiação limitada diz que, embora a morte de
Cristo, em seu poder, seja suficiente para todos os homens, ela é, em seu
propósito, eficaz apenas para os eleitos. Base bíblica: João 5.21 – “Pois assim como
o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a
quem quer.” Tito 2.14 – “o qual a si
mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para
si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.”
Irresistível
Graça: o Soberano Deus chama, de maneira irresistível, para Si
mesmo, todos os eleitos, através da pregação do Evangelho de Cristo Jesus. E,
por meio deste chamado, o decreto da eleição se cumpre, e o propósito
particular da expiação pela morte de Cristo se realiza. Base bíblica: João 6.37 – “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de
modo nenhum o lançarei fora.” Atos 13.48 – “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do
Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.”
Perseverança
dos Santos: os eleitos continuarão no caminho da salvação (por serem
eles o objeto do eterno decreto da eleição e por serem eles o objeto da
expiação realizada por Cristo), visto que o mesmo poder de Deus que os salvou os
preservará e os santificará até o final. Base bíblica: Mat. 24.13 – “Aquele, porém,
que perseverar até o fim, esse será salvo.” Fil. 1.5 – “Estou plenamente
certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de
Cristo Jesus.”
Concluímos,
então, que a essência das Doutrinas da Graça é a soberania de Deus
(enfoque teológico) e a depravação total do homem (enfoque
antropológico), fundamentada na doutrina bíblica do soberano, eterno, imutável,
incondicional e eficaz propósito do nosso Deus Todo-Poderoso.
Rodrigo Cesar Nogueira